Copa de 2014 pode causar período negro na hotelaria de Belo Horizonte

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Setor poderá entrar em crise por causa da grande oferta de leitos

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*Turbino Júnior

A hotelaria de Belo Horizonte pode viver um momento negro em função da Copa FIFA 2014. O alerta é de Silvania Capanema, 1ª vice-presidente da ABIH-MG (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais), para quem a Lei Orgânica Municipal 9952, de julho deste ano, está causando a construção indiscriminada de empreendimentos hoteleiros na capital mineira.

Na avaliação da dirigente, isso deve gerar quebradeira nos hotéis instalados no centro da cidade, a partir do segundo semestre de 2012, e ociosidade de leitos no período pós-Copacaso não sejam ampliados os espaços para eventos. Segundo Silvania Capanema, cedendo ao lobby das construtoras, a Câmara Municipal de Belo Horizonte deixou um artigo na Lei 9952, de autoria do Executivo, que permite a ampliação em até 5 vezes da área construída se o empreendimento for um hotel ou apart-hotel.

“Agora construtoras que não têm nenhuma tradição no ramo hoteleiro estão fazendo apart-hotéis que são comercializados facilmente um a um, usando o apelo da Copa do Mundo, como se fossem um belo investimento. Não é verdade e o leigo desconhece esse fato. O mundial de futebol vai gerar grande ocupação ao longo de doze dias alternados e com tarifas congeladas. Também precisamos pensar no que vai acontecer depois do evento”, alertou.

Dados da ABIH-MG apontam que existem 28 empreendimentos entre hotéis e apart-hotéis em construção em Belo Horizonte, totalizando 11.238 leitos. Desse total (40%), 11 deles são 4 e 5 estrelas – uma carência da cidade. Além disso, são mais 42 processos de licenciamento em andamento que perfazem outros potencias 15.696 leitos. A presidente da entidade diz que esses números são maiores do que a capital mineira precisa e lembra que boa parte dos empreendimentos ficará pronta ano que vem, o que vai trazer problemas. “No segundo semestre de 2012, a taxa de ocupação e o preço das diárias vão cair por conta desses novos empreendimentos e isso trará impacto negativo, por exemplo, para os hotéis do centro de cidade. Muitos deles vão fechar”, prevê.

As preocupações não páram por ai. De acordo com Silvania Capanema, se todos esses hotéis de fato abrirem as portas certamente ocorrerá grande ociosidade depois da Copa FIFA 2014. “Belo Horizonte ainda não tem garantida a expansão de espaços para eventos e nem do Aeroporto Internacional. A saída seria o Turismo de Negócios que se sustenta no tripé, número de lugares para eventos, números de camas nos hotéis e número de assentos nos voos. Só teríamos hotéis a mais. Vale lembrar que a Lei 9952 estabelece que os novos empreendimentos devem manter as atividades hoteleiras por no mínimo dez anos. A menos que, depois do mundial do futebol, a Câmara Municipal aprove outra Lei tornando os apart-hotéis residências. Só assim a hotelaria vingará.”

O outro lado

Para o vereador Bruno Miranda (PDT-BH), atual vice-líder do prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda na Câmara Municipal, é natural a preocupação da ABIH-MG sobre a possível disseminação excessiva de leitos na capital, mas ele garante que a legislação não foi criada para favorecer essa situação.

“Em primeiro lugar, desconheço que tenha ocorrido lobby por parte das construtoras. A Prefeitura de Belo Horizonte encaminhou para a Câmara o projeto, que deu origem à Lei 9952, com o objetivo de incentivar a construção de novos hotéis, hospitais e espaço culturais na cidade. Surgiram alguns questionamentos, sobretudo, no que diz respeito às dimensões e áreas das construções. Para dar ainda mais transparência e não deixar dúvidas sobre os alguns artigos da Lei, a Prefeitura encaminhou recentemente um substitutivo que está em fase de estudo na casa”, informou o vereador.

O secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais, Agostinho Patrus Filho, não acredita que haverá ociosidade nos hotéis de Belo Horizonte no pós-Copa.”A expansão do ExpoMinas, principal espaço para eventos da capital, já está prevista entre as prioridades do Governo de Minas e seguimos trabalhando ativamente em defesa da expansão do Aeroporto Internacional de Confins.

 O Turismo de Negócios é a vocação natural da capital e, enquanto gestor público do segmento turístico, aposto as minhas fichas de que no pós-Copa teremos uma rede hoteleira mais forte e renovada para atender à demanda de turistas na capital e no interior do Estado. Além disso, é preciso frisar que as obras do Mineirão estão rigorosamente dentro do cronograma e as principais obras de mobilidade urbana em andamento” finalizou.

*jornalista colaborador do Tudo de Viagem

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