Festival da Jabuticaba da histórica Sabará comemora bodas de prata

Elemara Duarte
A chuva demorou mas veio e o Festival da Jabuticaba de Sabará, dependente assumido da ocorrência deste fenômeno meteorológico, enfim, será realizado neste fim de semana, 3 e 4 de dezembro. Neste ano, quando se comemora a 25ª edição da festa, são esperados cerca de 20 mil visitantes. Todos em busca do “ouro negro”, que brota farto nas milhares de jabuticabeiras da cidade.
Lembre-se que o momento é de oportunidade dupla: além de saborear os quitutes derivados das frutinhas como licores, geléias e pães, aproveite também para conhecer a história da cidade onde elas nascem. Sabará tem 300 anos de tradição. Uma das mais importantes joias do Barroco mineiro fica a menos de 20 quilômetros de BH, e tem igrejas e monumentos da chamada “época do ouro”, que são uma aula de história ao ar livre.
No sábado (3), o evento em homenagem às “pretinhas” vai das 10 às 18 horas, e no domingo (4), os portões da Praça de Esportes, onde acontece o festival, se abrem às 9 horas e se fecham às 17 horas. Os ingressos custam R$ 3. Crianças até 12 anos e adultos acima de 65 anos não pagam.
Como a ânsia pela fruta in natura é grande, em anos anteriores, o evento não conseguiu atender a demanda do público. Há cerca de cinco anos, para jogar limpo com o visitante, a Central de Atendimento ao Turista foi idealizada e funciona por meio dos telefones (31) 3672-7690 e (31) 3671-1403. Assim, antes de sair de casa, o turista poderá entrar em contato para saber de todos os detalhes, se tem a fruta ou não e como está o andamento da festa.
Cerca de 30 produtores de derivados da jabuticaba vão marcar presença nesta edição. Praça de alimentação com gastronomia típica e barracas da fruta fresca também estão na estrutura. Fora da Praça de Esportes, os restaurantes da cidade também se empenham para louvar a versatilidade da jabuticaba em cardápios especiais. A listagem dos participantes encontra-se no site http://www.turismosabara.com.br/.
A devoção à jabuticaba em Sabará é tão grande, que a prefeitura incentiva a preservação das jabuticabeiras. A iniciativa acontece através de lei municipal que dá desconto no valor do IPTU, de cerca de 5%, para cada árvore plantada nos imóveis. Além disso, desde 2007, o Festival da Jabuticaba é registrado como Patrimônio Imaterial do município.
Sobre a dependência que a fruta tem da chuva, a explicação é simples. Seu processo de amadurecimento (fotos acima) se dá melhor é com o aguaceiro. Isso faz com que a fruta seja rica em líquidos. Da floração à maturação completa são 40 dias e para cair são mais sete dias, no máximo.
Técnica especial para alcançar a fruta
Comprovando a máxima de que “tudo o que é bom dura pouco”, depois de colhida, a jabuticaba não dura mais que 24 horas sem se azedar. Portando, quando colher a fruta, consuma imediatamente. O motorista aposentado Raimundo Nonato da Conceição, o “Mundico”, tem dois pés de jabuticaba em casa, no Centro de Sabará. Ele ensina como alcançar as frutas nas galhas mais altas sem precisar subir no pé. “Uso este tubo de PVC para colher. Elas vêm por dentro dele até a minha mão”, diz.
Mas para quem quer voltar aos tempos de infância e esquecer da vida em cima de uma jabuticabeira, a dica é alugar uma destas árvores a partir de R$ 100. Entre os produtores que conservam a preciosidade em seus quintais, podem ser citados: no Bairro Arraial Velho, Silvino Fernandes, informações pelo telefone (31) 9945-9953; e no Bairro Pompéu, Antônio e Almira, contatos (31) 3671-6112 e 3671-6177.
Arraial Velho e Pompéu são bairros que ficam a aproximadamente 5 quilômetros do Centro Histórico. Para acessá-los, há linhas de ônibus com embarque por toda área central. Porém, como dificilmente alguém aluga uma jabuticabeira sozinho, o ideal é ir de carro próprio ou chamar um táxi para levar a turma.
Em Sabará, há dois pontos telefônicos com o serviço. Na Praça Santa Rita, pelo (31) 3671-1966, e na Praça Getúlio Vargas, pelo (31) 3671-1811. Vale lembrar que a frota local é pequena e que a demanda em dias de festa aumenta bastante. Por isso, pegue também o celular do mesmo taxista que lhe levou até as chácaras. Assim, você o chama para o seu retorno ao Centro Histórico, sem correr o risco de não encontrar outros carros disponíveis nos pontos. Leve dinheiro vivo, pois os veículos ainda não têm máquinas para cartão de débito nem de crédito.
                                                     Fotos: Elemara Duarte e Prefeitura de Sabará
Em Sabará, é possível comprar doces e outras delícias
História pelas ruas de uma cidade centenária e barroca
Quem quiser pernoitar em Sabará por conta do Festival terá à disposição boa infraestrutura de hotéis e pousadas. O mais “chiquê” deles, e mais caro também (diárias a partir de R$ 125), é o “Solar Corte Real” (http://www.solarcortereal.com.br/), no Centro. Há também outros locais honestos e acolhedores, com diárias mais baratas como a “Pousada Santana” (http://www.pousadasantana.tur.br/), que tem clima de hotel fazenda, no Bairro Arraial Velho. E o charmoso Solar dos Sepúlveda (http://www.solarsepulveda.blogspot.com/) construído em casarão antigo, no Centro.
Sabará tem acesso por duas linhas de ônibus no fim de semana, a partir do Centro de BH. O embarque é feito na Rua dos Caetés pelas linhas 4988 e 4987. As passagens custam em torno de R$ 3,50, ônibus com intervalos a cada 20 minutos, em média. Durante a madrugada, os intervalos são bem maiores. Um dos desembarques é feito em frente da Praça de Esportes, onde acontece o Festival, na entrada da cidade. Porém, se você quiser conhecer a riqueza histórica sabarense, peça ao motorista para lhe indicar a descida próxima do Bairro Siderúrgica.
A partir dali, você vai poder conhecer duas grandes obras do Barroco do século XVIII: a singela Igrejinha do Ó e a majestosa Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ambas decoradas com ouro. Voltando para o Centro Histórico, pela Rua Marquês de Sapucaí, você vai encontrar uma das mais importantes obras do mestre da arte barroca, o escultor e arquiteto Aleijadinho. Trata-se da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. O trajeto até ela pode ser feito à pé, pois o caminho não é muito íngreme.
No Centro Histórico, além da igreja “do Carmo”, há outros inúmeros pontos turísticos. O Museu do Ouro e o Chafariz do Kaquende também são visitas obrigatórias. Corre pelo dito popular local, que quem bebe da água do Kaquende “sempre volta à cidade”. A água mágica deve ter lá o seu valor, se for considerado o número de visitantes do Festival da Jabuticaba que aumenta a cada ano. Há séculos, o Kaquende jorra água fresca e potável dia e noite. A fonte é protegida por um canal de pedra também centenário. Assim, do jeito que nasce, a água chega à bica sem contato humano. Faça chuva ou faça sol. Mistérios sabarenses.
Próximo dali, no Largo São Francisco, aproveite também para conhecer as instalações da “Menor TV do Mundo”, a TV Muro. A engenhosa ideia é mantida pelo educador Francisco Dário dos Santos, o “Chiquinho”. Com sucata, bom humor e muita criatividade ele mantém no ar – ou melhor, no muro – a programação que é transmitida em frente da sua casa para os pedestres, que viram telespectadores no meio da rua.
Sabará foi berço para a construção da nova capital de MG
Outra curiosidade vinda da “terra da jabuticaba” é que a atual capital mineira, Belo Horizonte, “nasceu” nos domínios sabarenses. Prova disso pode ser comprovadas em pesquisas no Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte. O antigo Arraial do Curral Del Rey, onde BH foi erguida, pertencia à Sabará.
O local era uma rota de passagem para tropeiros com destino à próspera Vila Real do Sabarabuçu, atual Sabará. Tanto que a principal rua do Curral del Rey se chamava “Caminho do Sabará”. Por conta disso, entre os mais eruditos historiadores, a cidadezinha é curiosamente conhecida como “cellula mater” de BH (“célula-mãe”, traduzido do latim).
Hoje, mesmo com papéis invertidos, BH e Sabará ainda mantêm laços sociais e de dependência de serviços. Grande parte da população local trabalha ou estuda na capital, fazendo a chamada “migração pendular” (sai pela manhã e volta à noite). O movimento transformou Sabará em “cidade dormitório” para milhares de sabarenses. São pessoas que não abrem mão de desfrutar do ambiente da cidade que ainda se mantém com ares de interior.
Outras informações sobre Sabará: (31) 3672-7690

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